Quase 86% dos municípios estão em situação fiscal difícil ou crítica

Segundo estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de
Janeiro (Firjan), 85,9% dos municípios apresentaram situação fiscal
difícil ou crítica em 2016.
De acordo com o levantamento, 2.613 prefeituras estavam em situação
fiscal difícil no ano passado, o que equivale a 57,5% dos 4.544
municípios analisados. Esse é o maior percentual desde o início da série
histórica, em 2006.
Insolvência
O número de municípios em situação crítica, à beira da insolvência, caiu
de 1.969 em 2015 para 1.292 (28,4%) em 2016, mas a queda está
relacionada ao aumento no número de prefeituras que não divulgaram
dados, que saltou de 381 para 1.024 na mesma comparação. A não
apresentação de estatísticas ao Tesouro Nacional constitui
descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal e pode ser punida.
Em queda
As prefeituras brasileiras administram R$ 461 bilhões, equivalente a um
quarto da carga tributária brasileira e maior que os orçamentos da
Argentina e do Uruguai somados. No entanto, o número de cidades que
gerenciam esses recursos com eficiência está caindo. O total de
municípios com classificação excelente caiu de 24 em 2016 para 13 (0,3%)
no ano passado, o menor número desde o início da pesquisa.
Região
Na análise por regiões, o Nordeste apresenta a maior proporção de
prefeituras em situação fiscal difícil ou crítica: 94,9% dos municípios
da região enfrentam problemas nas contas públicas. As cidades em
situação fiscal boa e excelente concentram-se no Centro-Oeste (26,1%) e
no Sul (24,7%).
Falta de caixa
Conforme o levantamento da Firjan, 715 prefeituras, equivalente a 15,7%
dos municípios analisados, encerraram 2016 sem caixa para cobrir as
despesas do ano anterior, entre as quais duas capitais: Campo Grande e
Goiânia. O rombo deixado para os novos gestores que assumiram este ano
somou R$ 6,3 bilhões.
Gastos
Em relação aos gastos com os servidores, 575 municípios (12,7 %)
descumpriram o limite de 60% da receita corrente líquida estabelecido
pela Lei de Responsabilidade Fiscal e gastaram R$ 1,8 bilhão a mais do
que o permitido pelo teto. Macapá é a única capital nessa situação. Com
52,7% dos municípios pagando acima do teto, Sergipe é o estado com mais
municípios desenquadrados.
Orçamento
O orçamento rígido e a arrecadação em queda têm sacrificado os
investimentos municipais, que atingiram o menor nível desde 2006. No ano
passado, 2.701 municípios (59,4% do total analisado) aplicaram menos de
8% da receita corrente líquida em obras e em compra de equipamentos
para hospitais e escolas.
Rio
Responsáveis por um terço dos investimentos públicos no ano passado, as
prefeituras investiram R$ 7,5 bilhões a menos em 2016 do que em 2015.
Por causa dos Jogos Olímpicos, o Rio de Janeiro foi exceção e recebeu
classificação excelente nesse quesito. No entanto, as obras
comprometeram o caixa da cidade e fez a nota de liquidez cair de um ano
para outro.
Nota
A classificação foi elaborada com base no Índice Firjan de Gestão
Fiscal, que analisa as contas dos municípios com base em dados enviados
pelas prefeituras ao Tesouro Nacional. O indicador leva em conta cinco
critérios: capacidade de arrecadar sem depender dos repasses dos estados
e da União, gastos com pessoal em relação ao Orçamento, suficiência de
caixa, capacidade de fazer investimentos e endividamento.
E mais
O índice varia de 0 a 1. De acordo com o levantamento, são considerados
em situação fiscal difícil os municípios com nota entre 0,4 e 0,6 e em
situação crítica os com nota inferior a 0,4. Prefeituras com nota entre
0,6 e 0,8 têm a situação fiscal considerada boa. Notas acima de 0,8
recebem a classificação excelente. “Têm as
piores notas os municípios que gastam muito com pessoal, investem pouco
ou quase nada em melhorias para a população e têm equilíbrio financeiro
ruim”, explica o coordenador de Estudos Econômicos da Firjan, Jonathas Costa.
Com informações da Abr
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