Guaramiranga: Médico morre enquanto o município agoniza na saúde e gestores priorizam diversão
Em matéria publicada no blog (desimbloglio.blogspot.com.br) nos chamou a atenção para o total desrespeito e descaso da administração daquela cidade em priorizar um “Festival de Jezz Blues” ao invés de primeiro equipar a cidade para tal evento.
Guaramiranga hoje tem pouco mais de 4 mil habitantes e recebe o dobro de visitantes para prestigiarem esse evento.
Na última segunda-feira (13/02) O médico Carlos Antunes, ginecologista, obstetra e homeopata faleceu de ataque cardíaco (IAM) naquela cidade totalmente desequipada na saúde.
Quando sofreu o ataque cardíaco, o médico estava hospedado na residência do amigo e também médico Dr. Tadeu Feijão, que logo procurou reanimá-lo com os procedimentos de socorro, auxiliado por outro médico presente, Dr. David Lucena, sem sucesso.
A partir daí, iniciou-se uma via crucies do médico Tadeu Feijão em busca de serviço de emergência no hospital de Guarapiranga, equipamento totalmente desaparelhado.
Ao tentar sair do município para um atendimento especializado em Fortaleza, outra surpresa, o mesmo teve de abrir caminho a pé na rua tomada pela multidão.
Pedindo para que a multidão deixasse a ambulância passar, pasmem!!! a mesma estava sem sirenes, as pessoas batiam no carro, sem querer abrir espaço.
A rota que dá acesso ao hospital da cidade estava bloqueada, mostrando assim o total despreparo em adequar a cidade para receber tal evento.
A péssima experiência é relatada abaixo pelo médico Dr. Tadeu Feijão, ao procurar o hospital local para tentar estabilzar o seu colega, como ele diz no seu relato, sem o intuito de fazer denúncia ou acusar ninguém, mas trazer um alerta as autoridades do município e à sociedade cearense.
Sugere que uma UTI móvel deveria estar disponível no município, além do necessário provimento de condições para atendimento de emergência no hospital, inexistente, conforme constatou ao procurar o serviço para socorrer o colega.
Integra:
“Nesta segunda-feira (13/02) vivi uma situação extrema em Guaramiranga”.
“Enquanto me visitava em minha casa, um amigo, médico, Carlos Antunes, sofreu um IAM. Com auxilio de outro médico, David Lucena, tentamos reanimá-lo com massagem cardíaca e respiração boca a boca por aproximadamente 20-25 minutos, sem sucesso”.
“Resolvemos levá-lo para o Hospital de Guaramiranga (11km de distância). Pedi a amigos para dirigir meu carro e fui massageando e fazendo a respiração. Levamos 14 min para chegar em Guaramiranga. Levamos aproximadamente 10 min para chegar ao hospital, que não tem a menor estrutura”.
“Vou relatar alguns pontos para nós, como sociedade organizada possamos tomar conhecimento e nos mobilizarmos”:
“Guaramiranga estava tendo um festival que recebe entre 7 a 10 mil pessoas nos 4 dias”;
“1- Não tem uma rota emergencial de acesso ao hospital durante esse período”;
“2- Não dispõe de nem mesmo uma moto da autoridade do trânsito com sirene para abrir espaço em emergências”;
“3- No hospital apenas um único médico e sem nenhum treinamento em emergência”;
“4- Pessoal de apoio idem”;
“5- Oxigênio trancado a chave sem disponibilidade imediata na sala de emergência”;
“6- Nenhum aparelho de monitorização. Nem mesmo oxímetro portátil”:
“7- Sem nenhum cardioversor ou ECG”;
“8- Não há maleta de medicamentos de emergência”;
“9- Sem tubos endotraqueais de pequeno calibre”;
“10- Laringoscópio com uma única lâmina”;
“Quanto ao pessoal”:
“Ninguém treinado para uma emergência”.
“Adrenalina levou em torno de 10 minutos para ser disponibilizada e, infelizmente sem seringa, que levou outros 4-5 minutos”;
“Conexão de oxigênio demorou a ser localizada e a auxiliar se mostrou incapaz de fazer a instalação correta. Eu tive que fazer”;
“Injeção intracardíaca só eu sabia fazer”;
“E para completar, o plantonista não soube preencher o atestado de óbito”.
“Precisamos pedir às autoridades que não permitam que uma cidade que recebe tanta gente em um evento continuar assim”
Dr. Tadeu Feijão
Fonte: https://desimbloglio.blogspot.com.br
Nenhum comentário: